EXERCICIO
DA VELOCIDADE
Este
ano está sendo uma loucura para todos nós, parece que está voando, que não
teremos tempo de fazer nada do que queremos, temos a impressão de que a cada
dia que passa, nessa nova era tecnológica e imediatista, estamos com menos
tempo para viver a “nossa” vida, e isso é um problema.
São
compromissos, tarefas, aulas, audiências, consultas e mais um monte infinito de
atividades para apenas 24 horas de nosso dia. Isso é alarmante, nossa
consciência está tendo dificuldades de acompanhar o ritmo da evolução, e
valores estão sendo esquecidos.
No
meu caso não é diferente, existem momentos que só quero me atirar em minha cama
e dormir até a hora que eu quiser, mas isso não é possível, minha rotina não me
permite esse luxo. Estou fazendo meu trabalho de conclusão de curso – Direito
–, cursando uma disciplina de intensivo de inverno, mil tarefas para concluir
no escritório, revisando meu novo livro, respondendo contatos de editoras e ao
mesmo tempo escrevendo esta coluna semanal para meus ilustres leitores, isso
não é pouco.
Confesso
que às vezes me desanimo e fico chateado com essa situação imediatista que é
imposta pelo cotidiano moderno, então tento refletir o máximo sobre os rumos da
sociedade e da vida em geral, para saber se isso é um ápice ou um início de uma
era em que não teremos tempo de viver “nossas” vidas. Não encontro conclusão.
Com
isso, preciso rever meu dia-a-dia e – com calma – traçar metas e encontrar
mecanismos para obstruir ao menos um pouco dessa pressão diária.
Uma
das coisas foi voltar a fazer o que mais me estimula diante das dificuldades:
Ler. Voltei a ter o hábito de ler aquelas obras preferidas, no meu caso, voltei
a ler O diário de um Mago, de Paulo Coelho, não por ser um livro maravilhoso de
se ler, mas por sempre encontrar respostas quando o leio. E isso aconteceu.
Em
certo ponto do livro, Paulo expressa uma de suas experiências no Caminho de
Santiago, onde percorre mais de 700 quilômetros a pé, da França até a Espanha,
seguindo os conselhos e ordens de seu guia, para conseguir sua espada,
concedida pela ordem católica chamada RAM.
Neste
ponto que comentei acima, ele executa o exercício da velocidade, o qual, passo
a palavra ao próprio Paulo Coelho explicar como é o tal exercício: “ Caminhe
durante vinte minutos, na metade da velocidade que você costuma normalmente
andar. Preste atenção a todos os detalhes, pessoas e paisagens que estão à sua
volta.”
Sim,
eu executei o exercício, e ele funciona. Além de executá-lo em um dia, ou em
mais dias como ele aconselha, resolvi fazê-lo em minha vida. Apliquei o
exercício da velocidade em meu cotidiano, respirando calmamente, observando
tudo ao meu redor, apreciando o que é a vida, e como somos abençoados por
viver. Estou mais tranqüilo.
Quem
sabe não devemos fazer isso todos os dias? Repensar os momentos de raiva e
pressa, lembrando que eles só servem para trazer sofrimento. Vamos apreciar a
vida em nossa volta, com calma, para que a sociedade entre no ritmo de nossas
necessidades psicológicas, e não o contrário.
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