OS
ERROS NOS LEVAM AOS ACERTOS.
Essa
é uma história verídica, conhecida por poucas pessoas.
Foi
em meados do ano de 2008 ou 2009, eu era um cara impulsivo, inseguro, porém um
pouco conformado com a vida, que tinha um projeto em mente, mas que não sabia
como executá-lo, e quanto mais eu tentava, mais eu errava.
Lembro
que eu estudava na UNISINOS, em São Leopoldo-RS, objetivando minha formação em
Direito, profissão que me criei observando e que instintivamente já estava na
minha cabeça. Mas faltava algo, alguma motivação, algo que me abrisse a mente,
que me fizesse enxergar além do horizonte social que formamos no nosso
dia-a-dia. Eu sabia que existia “algo a mais”, mas não sabia o que, tão pouco
entendia o que isso poderia significar.
Em
um dia de outono, em um dos raros dias em que eu frequentava a universidade
durante o período da tarde, resolvi ir até a biblioteca fazer algumas leituras
jurídicas, nada em especial, mas algo que fizesse o tempo passar mais rápido.
A
biblioteca da UNISINOS, para quem não conhece, tem um rigoroso controle de
organização de livros, onde o Direito tem um andar inteiro do prédio só para
ele, os outros eram compartilhados nas diversas áreas que a universidade
explorava, e existem inúmeras mesas para estudos espalhadas em cada andar, que
estão em constante limpeza, sendo raro ver algum livro “perdido” em alguma
mesa.
Pois
bem, como bom aspirante a jurista fui direto ao andar do Direito, procurar uma
leitura de direito previdenciário ou do consumidor, porém, vasculhando as
prateleiras muito bem organizadas, de uma biblioteca literalmente vazia naquele
momento, encontrei um livro sobre uma mesa. Apenas o livro e eu na biblioteca.
Olhei
em direção ao guichê dos bibliotecários, onde sempre estão os mesmos, e não
havia ninguém. Achei estranho, pois a organização sempre me chamara a atenção,
mas fui ver que livro era.
Para
minha surpresa o livro era “O diário de um mago” do escritor Paulo Coelho. “Paulo
Coelho, aqui?” – pensei, ao me dar conta de que um livro de literatura NUNCA
entraria na ala de livros do Direito.
Para
mim, até aquele momento, Paulo Coelho era um nome conhecido, mas mais pelas
críticas, do que pela literatura. Mas como eu estava com tempo livre e não
havia achado nenhum livro jurídico que me chamasse a atenção, resolvi dar uma “olhada”
naquele livro de literatura.
Sentei
em uma das mesas, ainda sozinho na biblioteca, e comecei a virar as páginas.
Uma após a outra. E aquele livro foi me invadindo, me tomando, me
surpreendendo, pois a identificação foi imediata. Um cara com um rumo que não
sabia qual era, e que a vida foi revelando para ele.
Quando
me dei por conta eu já estava há duas horas e meia com o livro na mão, e não
recordo o motivo, se tinha algum compromisso ou algo do tipo, mas marquei a
página que parei, levantei e fui direto ao guichê retirar aquele livro para
terminar a leitura em casa. O atendente me olhou com certa estranheza,
perguntando “como eu havia conseguido
entrar com aquele livro ali”. Eu respondi que ele já estava ali, eu só
queria retirá-lo. Com um olhar de confusão e um pouco de sarcasmo, por eu estar
com um milhão de livros de Direito ao meu redor e retirar um de literatura, o
mesmo me olhou e disse “vai ver ele
estava te esperando ali”. Isso me trouxe um arrepio dos calcanhares até o
pico da minha espinha.
Será? – Até
hoje me repito isso.
Eu
li esse livro, e o horizonte que eu não vislumbrava se revelou diante de mim.
Tudo ficou muito claro, e pela primeira vez na minha vida eu tinha certeza de
que não saber a resposta, é a resposta certa. Naquele dia, eu aprendi que os
erros são necessários, para nos levar ao que buscamos em vida, que o certo pode
ser errado, pois o ponto de vista pode ser outro, e o importante é aguardar o
revelar das coisas. Cada dia que passa eu tenho mais certeza disso, pois tudo o
que sofri no passado, julgando estar fazendo a coisa certa, hoje se revela
necessário para que eu valorize cada vez mais o que conquistei. Os erros me
levaram aos acertos. PENSE NISSO.
Bom,
para finalizar, vou contar o que aconteceu após a leitura desse livro. Eu li
todos os outros livros do Paulo Coelho, falei com ele, trocamos ideias. Foi uma
experiência única. Mas eu não parei por aí, li outros livros de impacto pra
mim, por exemplo, o livro “A cabana” de William Paul Young, autor o qual também
tive o prazer de conversar, entre outros, como Deepak Chopra, John Grogan
(Marley e eu) e Augusto Cury.
Conversar
e trocar experiências com autores desse porte me fez ver as coisas de outra
forma, me deu a real noção de desejar o imprevisível, pois tudo que eu consegui
de mais importante na minha vida veio de um momento em que eu não sabia o que
fazer.
Então,
se aqui eu posso deixar alguma mensagem para os leitores que aqui fazem
presença, é que não se desesperem se um plano não está andando, ou se um
projeto está parado. A vida vai se revelar pra você, pois existe algo no
universo esperando ser encontrado por você. Deseje o imprevisível, comemore o
momento atual, as coisas que você tem, as pessoas que estão com você, não viva
sua vida apenas atrás de um objetivo, SEJA O SEU OBJETIVO.
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