25.11.10

REFLEXÕES SOBRE O SER (DES)HUMANO - Coluna Percepções

REFLEXÕES SOBRE O SER (DES)HUMANO


O escritor – como me disse uma vez um grande e famoso escritor – é aquele que escreve sobre suas experiências e sobre aquilo que o toca reflexivamente. Que por meio de seus escritos expõe ao mundo como sua mente receptou as informações, e como elas foram importantes para sua formação racional e espiritual.

E é isso que venho fazer aqui hoje, como escritor, escrever sobre minha recente experiência reflexiva. Neste último final de semana, em meio a muitas tarefas e redações, tentei tirar um pouco de folga do mundo, pegando um filme para assistir com minha esposa, como qualquer casal faz para abstrair-se do feroz mundo social que somos compelidos a agüentar.
O filme escolhido foi Avatar, de James Cameron, pois já havia tempo que estávamos para ver este filme, mas não tínhamos tempo. Trata-se de uma bela obra, com muitos efeitos especiais e cenas de ação, porém, o que mais chama atenção neste filme é o impacto moral dele sobre o espectador – pelo menos em mim.
Muitos não absorveriam estas mensagens por conformismo, ou apenas para não tirar a atenção dos grandes efeitos especiais do filme, mas eu não fui um desses, infelizmente, pois me senti parte da trama.
Não quero contar o filme e estragar a “sessão cinema” de ninguém, mas é preciso este desabafo sobre a mensagem intrínseca que há nele. Na história, que ocorre em um futuro não tão distante, os humanos vão a outro planeta – chamado Pandora – tentar captar seus recursos naturais valiosíssimos – já que a terra teria sido totalmente destruída pelos próprios humanos –, porém destruindo tudo o que encontram pela frente, sem se importar com nada, nem com ninguém.
O problema, é que neste planeta vive um povo nativo, que cultiva os princípios e valores de seus ancestrais, e os honra com sua convivência pacífica e fraterna – o que me fez pensar como perdemos nosso espírito fraterno de ser humano, como somos egoístas e “sujos”, e como cultivamos uma cultura podre e capitalista, enquanto que os valores morais vão se perdendo no meio disso tudo.
Esse foi o primeiro impacto, mas outro veio, e de forma mais brusca, que me deixou pensativo por muito tempo, que foi quando os humanos, visando o total lucro – como sempre – decidiram por eliminar tudo o que encontrassem pela frente para conseguir seus fúteis objetivos, atacando covardemente um povo cheio de amor e fé no coração – o que inevitavelmente me fez comparar essa cena com o mundo atual, onde somos facilmente compelidos e calados por grandes empresários, terroristas ou políticos, que manipulam vidas com suas canetas, e acabam com esperanças como quem derruba um castelo de cartas. Como somos fracos perante o dinheiro que manipula o mundo. Confesso que minha fé no ser humano enfraqueceu depois dessa reflexão.
Não fiquei decepcionado com o filme, pelo contrário, recomendo a todos, faz muito bem para o espírito humano este tipo de reflexão, mas me decepcionei com o ser humano, como um todo, pois os costumes são de nossa raça, pena que a corrupção ganha mais força do que a bondade. Mas não desistiremos, nunca.
Quando vi aquele povo sendo “trucidado” lembrei de todos nós, pessoas honradas, que de uma forma indireta também temos nossos espaços diminuídos por aqueles que visam apenas o lucro nesta vida, e foi aí que fiquei abalado, em pensar que cada vez mais a corrupção e a maldade ganham força, e estamos sucumbindo silenciosamente a isso, sem poder fazer nada, pois não temos a quem recorrer – pelo menos aqui no plano físico.
O que fica é a reflexão sobre este ser “humano”, que acaba com seu planeta, e se não bastasse ainda busca acabar com qualquer outro que encontrar, como na vida real. Esse não é um futuro distante, já presenciamos isso. Ainda temos força e tempo para mudar essa realidade? Na terra das incertezas, mais uma dúvida.

10.11.10

COLUNA PERCEPÇÕES

QUANDO NOS DAMOS CONTA DO QUE REALMENTE IMPORTA

Todos nos dizem que a vida é muito curta, e que temos pouco tempo para viver tudo o que ela nos proporciona. Mas essa preocupação com o tempo a torna mais rápida ainda, e enquanto pensamos coisas tipo “estou muito velho para isso”, ou “nunca terei tempo para fazer aquilo”, o nosso tempo vai passando, e o que era hipotético vira material, ou seja, perdemos nosso tempo pensando em como não perder nosso tempo, ou que vamos perder nosso tempo se não pensarmos em aproveitar nosso tempo.

Neste momento estou rindo, pois também me confundi nesta frase acima, é noite, estou cansado e estou escrevendo compulsivamente em um momento de inspiração, em que iluminadamente comecei a raciocinar sobre o tempo das pessoas, sobre como nossa sociedade é complexa e paradoxal, ela se preocupa com o fato de a vida ser curta estando rodeada de um meio social que exige sacrificar o melhor da vida para ter o básico, o que deveria vir a nós naturalmente. Perdemos nosso tempo com a preocupação de ter mais tempo no futuro, quando estivermos velhos e sem disposição, acostumados a sacrificar a vida em função de objetivos quaisquer.

O futuro é importante, ou melhor, é fundamental na vida de todos, é necessário um planejamento para que nossos objetivos de vida sejam alcançados, porém não podemos esquecer que o presente é o futuro do passado, e o que vivemos neste momento nunca mais voltará, nem se repetirá, é um momento único.

Então que tal tornarmos nossos momentos únicos, cada momento, como se fosse aquele que planejamos tanto. Você, agora lendo esta coluna, sinta seu coração falar, e siga-o, faça o que quiser fazer, liberte-se das garras do pensamento fixo e planejado de sempre, apenas por um momento viva o momento presente, antes de voltar ao que é inevitável para nossa sociedade atual, o momento de pensar no futuro.

Eu, continuarei aqui, fazendo o que amo fazer. Escrevendo mesmo estando com os olhos cansados e calejados de um dia de trabalho, mas vivendo – ao menos neste instante único – o meu momento, minha oportunidade de transformar o meu presente no que eu quero, podendo passar aos leitores a mensagem que me fez refletir.

Vamos nos dar conta do que realmente importa, neste momento. O planejamento vem após o instinto humano, um bem muito precioso e iluminado, que nos faz fugir da rotina, nos fazendo quebrar os paradigmas de pensamento exclusivamente futuro.

Vamos nos abrir para as surpresas da vida?

Um bom dia!