20.1.15

PARALELOS QUE SE CRUZAM

PARALELOS QUE SE CRUZAM

O ano, 2015. O sentimento, indignação? Vergonha? Nenhum desses. É cansaço. Muito cansaço. Estamos imóveis perante muitas coisas, e não há forças para reagir.

Em outubro de 2014 o povo foi às urnas, e, ao que parecia – como parece em toda eleição – teríamos um novo horizonte pela frente, com as riquezas de nosso país finalmente retornando aos seus cidadãos. Eram os vermelhos contra os azuis. Uma disputa política, ideológica, rodeada de desconfiança, ataques, brigas e ofensas, até de pessoas que nem sabem muito bem o que significa a sigla de seu partido.

Os vermelhos venceram. Mais quatro anos no poder, mas havia algo diferente, havia um discurso de continuidade, mas o discurso não era para os cidadãos brasileiros, aqueles que levantam as seis da manhã e vão trabalhar amarrotados, lutando por vitórias pessoais que o façam ser alguém importante para si e para sua família. Não era pra esse cara.

A luta eleitoral vencida pelos vermelhos era patrocinada, havia um número infinito de camisas diferentes por baixo do manto vermelho-estrelado. Camisas de empresas, empresários, latifundiários, fazendeiros e etc. A vitória veio, mas não veio para aquele pobre coitado que recebe o bolsa-família, nem pro malandro que também recebe o bolsa-família. A vitória veio para quem conta dólares nas praias do Caribe. Veio para quem olha o esplendor das capitais do alto de suas coberturas. Veio para aqueles que não fazem parte desse nosso “joguinho” de gato e rato entre as despesas e nossos salários.

Então eu me pergunto, se o discurso era que os azuis eram os riquinhos, que iriam tirar direitos e aumentar custos, o que são os vermelhos? Pois eu vejo acontecer exatamente o que os “outros” fariam.

Cidadão de bem, assim como eu, que acorda e arruma forças pra enfrentar um dia inteiro de trabalho, injustiças, calor e ainda paga impostos astronômicos, não se engane mais, na política todos são paralelos que se cruzam – assim como aquela música do Engenheiros do Hawai -, e nesse cruzamento, os valores negativos se equivalem e só há um vencedor. E não é você. E nunca será.


Enquanto reflete sobre isso, já vá fazendo os cálculos para o próximo mês, mais impostos e reajustes a nosso desfavor virão. Esse é o Brasil.

André Silveira