10.2.16

Blindagem política

O momento social atual nos remete a inúmeras reflexões. Primeiramente é necessário reforçar que vivemos em um estado de "emergência", onde temos um histórico de governantes que não cumpriram seus papéis perante a sociedade e que lucraram (e muito) com seus cargos públicos, utilizando-se de tráfico de influências e demais regalias. Não é necessário ser muito inteligente para ver que isso é uma verdade indiscutível, basta não ser hipócrita e olhar para seu próprio bolso.

Entretanto, esse estado de emergência social, que nos revolta dia após dia, traz consigo um perigoso senso de mudança radical. Falo isso porque tenho escutado muitas pessoas defenderem o retorno da Ditadura Militar para colocar "ordem na casa", e que a solução seria figuras como Jair Bolsonaro tomarem o poder. Respeitosamente discordo em partes. Explico.

A solução não é tão simples, e por este caminho se torna muito perigosa. Nos países onde a ditadura subiu ao poder nunca houve paz, pelo contrário, o ditador no poder teve de ser deposto com violência, exatamente por implantar um regime através de sua vontade, não do povo. Concordo que a segurança pública teria uma guinada de sucesso e que a marginalidade diminuiria, porém, os eventos posteriores me dão calafrios. Estar na mão de um ditador, obedecendo ordens de alguém que despreza a democracia não me soa bem. E não me venham com aquele papo de que o cidadão de bem não teria o que temer. Teria sim, pois sua vontade valeria tanto quanto a do marginal. Nada. UMA pessoa decidiria tudo, e se fosse contrário a isso não adiantaria buscar o Judiciário, pois este não seria atingível. No máximo levaria uma cacetada de advertência e seria convidado a se retirar para sua casa e vida medíocre.

Muitos irão falar "mas do jeito que está não dá", eu concordo, mas se fosse fácil já teria mudado. Outra conversa diz respeito a figura do Sr. Jair Bolsonaro e sua candidatura a Presidência da República. Não digo que sou contra, pois vejo algumas verdades faladas por ele, porém, vejo muitos absurdos, com um discurso de ódio travestido com uma espécie de sinceridade política. Isso é muito perigoso. Não temos apenas a segurança pública como pauta, temos a saúde, economia, educação e etc., e uma pessoa taxada como homofóbica, racista e intolerante tomar as rédeas de uma nação é extremamente perigoso.


Neste momento deve se levantar aquele espertinho para gritar "então está defendendo a Dilma e o PT". Não meu amiguinho, pelo contrário, meu texto vem ventilar uma possível solução, o que não quer dizer que eu sou obrigado a aceitar as que agora estão sendo postadas pela mídia e opinião das redes sociais. Tanto é que não defendo o governo atual que venho dizer que a melhor saída seria encontrar uma forma de refinar nossos políticos, diminuindo seu número e abrindo cada vez mais a transparência dos gastos públicos, entretanto, de nada isso adiantaria se a mudança não começasse por nós mesmos e nossa cultura.


O brasileiro se acha melhor que todos, mais inteligente, mais esperto, e sempre busca uma forma de se dar bem em detrimento do próximo. Na hora de curtir o carnaval é o primeiro, agora na hora de cobrar seus direitos da forma correta se faz de muito ocupado. Alguém aqui vai no portal da transparência e verifica os gastos públicos da sua cidade?? Eu vou, e digo o que acontece, existem dados incompletos, ocultos e desconexos, ou seja, contra a Lei de Transparência, e eu denuncio, mas os resultados são inexpressivos, porque sou uma voz. Apenas uma.

Então, ou mudamos nossa cabeça, nossa cultura e começamos a moldar candidatos que realmente queiram estar lá para governar e não para lucrar, ou nosso País estará condenado a virar um país pobre, com pessoas desoladas por terem que rebaixar sua qualidade de vida, que foi enganosamente elevada por um governo incompetente e eleitoreiro.

A hora da mudança é agora, com mais controle do povo para com seus eleitos, com a redução do dinheiro envolvido em campanhas e salários de políticos e com uma sociedade engajada na mudança, aceitando os exemplos do cenário internacional, de repente teremos uma chance de deixar para nossa próxima geração um país decente e com condições de almejar progresso. Vamos acabar com essa blindagem política hoje existente. Vamos quebrar as correntes da ignorância e cobrar a conta.