1.12.10

Exercício da Velocidade - Percepções

EXERCICIO DA VELOCIDADE
André Silveira

Este ano está sendo uma loucura para todos nós, parece que está voando, que não teremos tempo de fazer nada do que queremos, temos a impressão de que a cada dia que passa, nessa nova era tecnológica e imediatista, estamos com menos tempo para viver a “nossa” vida, e isso é um problema.

São compromissos, tarefas, aulas, audiências, consultas e mais um monte infinito de atividades para apenas 24 horas de nosso dia. Isso é alarmante, nossa consciência está tendo dificuldades de acompanhar o ritmo da evolução, e valores estão sendo esquecidos.

No meu caso não é diferente, existem momentos que só quero me atirar em minha cama e dormir até a hora que eu quiser, mas isso não é possível, minha rotina não me permite esse luxo. Estou fazendo meu trabalho de conclusão de curso – Direito –, cursando uma disciplina de intensivo de inverno, mil tarefas para concluir no escritório, revisando meu novo livro, respondendo contatos de editoras e ao mesmo tempo escrevendo esta coluna semanal para meus ilustres leitores, isso não é pouco.

Confesso que às vezes me desanimo e fico chateado com essa situação imediatista que é imposta pelo cotidiano moderno, então tento refletir o máximo sobre os rumos da sociedade e da vida em geral, para saber se isso é um ápice ou um início de uma era em que não teremos tempo de viver “nossas” vidas. Não encontro conclusão.

Com isso, preciso rever meu dia-a-dia e – com calma – traçar metas e encontrar mecanismos para obstruir ao menos um pouco dessa pressão diária.
Uma das coisas foi voltar a fazer o que mais me estimula diante das dificuldades: Ler. Voltei a ter o hábito de ler aquelas obras preferidas, no meu caso, voltei a ler O diário de um Mago, de Paulo Coelho, não por ser um livro maravilhoso de se ler, mas por sempre encontrar respostas quando o leio. E isso aconteceu.

Em certo ponto do livro, Paulo expressa uma de suas experiências no Caminho de Santiago, onde percorre mais de 700 quilômetros a pé, da França até a Espanha, seguindo os conselhos e ordens de seu guia, para conseguir sua espada, concedida pela ordem católica chamada RAM.
Neste ponto que comentei acima, ele executa o exercício da velocidade, o qual, passo a palavra ao próprio Paulo Coelho explicar como é o tal exercício: “ Caminhe durante vinte minutos, na metade da velocidade que você costuma normalmente andar. Preste atenção a todos os detalhes, pessoas e paisagens que estão à sua volta.”

Sim, eu executei o exercício, e ele funciona. Além de executá-lo em um dia, ou em mais dias como ele aconselha, resolvi fazê-lo em minha vida. Apliquei o exercício da velocidade em meu cotidiano, respirando calmamente, observando tudo ao meu redor, apreciando o que é a vida, e como somos abençoados por viver. Estou mais tranqüilo.

Quem sabe não devemos fazer isso todos os dias? Repensar os momentos de raiva e pressa, lembrando que eles só servem para trazer sofrimento. Vamos apreciar a vida em nossa volta, com calma, para que a sociedade entre no ritmo de nossas necessidades psicológicas, e não o contrário.

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