15.6.16

Fazer o que gosta ou fazer pelo dinheiro?

Opa, e aí meu amigos, tudo certo? Quem já conhece o Blog sabe que escrevo com informalidade, pra diminuir a distância entre o leitor e o escritor.

Bom, o assunto de hoje não é voltado exclusivamente para o meio jurídico, é mais um apanhado de idéias e reflexões que tive nas últimas semanas.

Por muito tempo eu não sabia muito bem o que fazer da vida, apesar de muita afinidade com o Direito, pois trabalho com isso desde os 13 anos de idade, eu realmente não sabia ao certo o que fazer com prazer. Trabalhar eu sempre trabalhei, mas eu queria fazer algo que eu gostasse de fazer, que eu me orgulhasse em cada conquista.

Então arregacei as mangas e caí de cabeça no mundo jurídico. Por muitas vezes me vi desmotivado, as dificuldades são assim, elas nos desmotivam, mas é a capacidade de re-motivar-se que nos faz mais fortes e mostra nossa real face.

Após muito anos de batalha pra compreender o que realmente é o Direito, hoje posso dizer com propriedade que me sinto um real Jurista, não porque fiz Mestrado e Doutorado (que ainda não fiz), ou que decorei toda obra do Pontes de Miranda (o que não fiz também), mas porque eu percebi o que realmente faz o Direito participar da vida do cidadão comum, percebi onde ele se encaixa em todo esse nosso sistema, e onde eu, como operador deste, me encaixo também.

Ah, e aqui vai uma crítica para aqueles que tem Doutorados e Mestrados e pensam que são superiores a estagiários, bacharéis e advogados, a vida não é a Doutrina. A Doutrina jurídica pode e deve fazer parte da vida do operador do Direito, mas muitos teóricos nunca vivenciaram a vida jurídica real, na prática, não sabem o que é o sorriso de uma idosa doente sendo aposentada, ou de um réu inocente sendo inocentado. Somos todos parte dessa engrenagem, teóricos e atuantes, não há competição, mas sempre parece existir esse dogma, ainda mais agora com as redes sociais tomando conta da vida das pessoas, onde não há lugar para sua opinião sem que apareça um "sabe-tudo" pra dizer o contrário.

Eu passei por isso recentemente no que tange questões políticas. Tenho uma opinião anti-corrupção e fiz alguns apontamentos sobre o momento político atual em meu perfil no Facebook, onde fui atacado por um amigo defensor do Governo que hoje foi afastado, sem justificativa, eu não levantei um debate, e mesmo que levantasse não seria de minha índole confrontar ideais políticos com ninguém, mas, o debate foi trazido a mim com rispidez e descaso, dando ao entender que o silêncio era minha única opção e que era ignorante no assunto.

Este fato me entristeceu muito, pois a pessoa era muito querida e admirada, e hoje infelizmente não vejo mais aquele brilho que antes eu via. Um ataque moral travestido de inteligência político-jurídica me fez perceber o quão intolerante estamos uns com os outros, e tolerantes com os corruptos. Logo eu, que sou amigos de sindicalistas e advogados que têm opinião muito diversa da minha, sempre respeitei-os, até porque não compete a mim ser o dono da verdade real dos fatos. A democracia se constrói assim, com opiniões divergentes.

No fundo até fiquei lisonjeado, pois o meu amigo (que ainda é amigo, não seria uma rusga dessas que destruiria nossa amizade, pelo menos de minha parte) é pessoa altamente estudiosa, com renome internacional no meio jurídico, e ver que minha opinião incomodou sua posição política ao ponto de manifestar-se, quer dizer que, de duas, uma: Ou seu íntimo foi incomodado com uma possível verdade presente em minhas palavras, pois ninguém está livre disso, eu seguidamente preciso rever minhas opiniões por estarem equivocadas (Obrigado Platão, pela reflexão); Ou o que eu disse era realmente uma verdade incontestável que até o lado oposto da minha opinião sabia que minha manifestação poderia alterar opiniões, fazendo-os trocar de lado.

Enfim, mudei o rumo da prosa, mas precisava falar sobre isso, estava entalado. Feitas as considerações, vamos seguir.

Bom, percebi que minha profissão era aquilo que o destino reservou pra mim. Meu pai é advogado desde 1995 e eu sempre cresci com a sombra de tentar ser igual a ele, porém, em minhas reflexões percebi que na verdade eu não era advogado porque meu pai havia sido, ele que foi advogado para que eu pudesse ser. O destino é louco assim, eu tentei a vida inteira ser igual a ele, mas não somos e nunca seremos, e isso é bom, pois me formou um profissional que vê o Direito e enxerga o mundo com os meus olhos, com minhas visões, com a minha marca.

Perceber isso me levou a outro patamar profissional, onde não tenho medo de tentar exercer minha profissão sem que pareça com a carreira dele, somos pessoas diferentes e Deus nos fez assim por um motivo. Hoje percebo.

Tá, mas no meio desse caminho de conhecimento constatei uma coisa interessante sobre mim mesmo. Por diversas vezes caminhei na tênue linha do "fazer porque gosta" ou "fazer por dinheiro", e isso me revelou algo muito negativo que depois virou muito positivo.

Tentando fazer as coisas por prazer, como escrever, eu me sentia livre, inspirado, animado, feliz, entretanto, com a pressão de fazer por dinheiro, eu me via menosprezado, pressionado, com pressa de fazer tudo, seguindo modelos pré-determinados, e quando estes projetos não davam certo eu me sentia completamente frustrado, fracassado, como se os outros fizessem a mesma coisa e tivessem sucesso e eu não.

Aí veio aquele "BUM!!" na minha cabeça, "Ei, peraí", sempre que fiz as coisas por prazer me vi bem, e quando tentei fazer pelo dinheiro me vi um fracassado, não porque as idéias não eram boas, mas porque a pressão pra fazer não trazia um resultado bom. Então percebi que não dá pra fazer as coisas na pressão de ganhar dinheiro, mas sim deve-se fazer com prazer, o dinheiro é consequência de um trabalho bem desenvolvido.

Então, decidi fazer o que eu gosto, do jeito que eu quero, e os resultados foram maravilhosos, as coisas fluem, acontecem, e mesmo quando não dão muito certo a sensação que fica é de dever cumprido. Isso é que importa na vida, fazer o que gosta.

No meu caso, eu sou advogado, mas não acordo de manhã pensando em ser só mais um advogado, eu penso em ser o melhor advogado, então não importa a sua profissão, tente ser o melhor profissional daquele dia, e do próximo, e do próximo. O resultado demora mas vem, pode confiar.

Moral da história, faça o que você gosta, faça com liberdade, exponha seu pensamento, sua arte, sua marca para o mundo, o nosso legado não vai ser comprado com dinheiro, mas sim com nosso caráter e com o que construímos nessa breve passagem pela terra. Faça as coisas com alegria, liberte a Carreta Furacão dentro de você e siga o seu destino, construa o seu legado com felicidade. Você tem essa escolha.



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